Telenovelas
Como é de costume, aqui no blog, os colunistas que postam pela primeira vez precisam dizer que são. Ou você vai querer ler o que diz um João Ninguém? (Com todo respeito ao nome). Sou jornalista, formada há 3 anos. Hoje eu trabalho com produção em uma TV Educativa, mas estou entrando, aos poucos, no mundo da publicidade, aqui na Sigma. Na verdade, ando escrevendo pouco e este blog foi uma ótima oportunidade para desenferrujar a prática. O pensamento também está mais condicionado aos textos curtos e diretos da televisão, mas vou tentar não ser demasiada sucinta.
Outro dia eu estava lendo algumas coisas interessantes que chegam pela internet e achei um link que me levou a outro e outro e, por fim, achei o que não estava procurando: O Editorial de Alberto Dines, do OI na TV, falando de telenovelas.
Bem, já faz algum tempo que não consigo mais assistir novelas. E olha que já fui noveleira, sim. Parece um vício, quando você começa a assistir um capítulo, a seguir a trama, não consegue mais parar. Mas aí eu cresci, as responsabilidades aumentaram e o trabalho também. Fui deixando as novelas de lado e, embora trabalhe em uma televisão, fui deixando até a TV de lado.
De acordo com a Wikipédia, "a telenovela se caracteriza por explorar enredos de fácil aceitação pelo público, como histórias de amor e conflitos familiares e sociais. Diferencia-se do teatro e do cinema, basicamente, por ser um produto cultural rapidamente descartável, além de funcionar como uma espécie de obra aberta, cujo desenvolvimento e desfecho podem ser alterados a qualquer momento, de acordo, principalmente, com os índices de audiência ou seja, segundo o interesse imediato do público na história."
O que me chamou mais atenção nesta definição foi a palavra descartável. Ou seja, é mais um produto. E como todo produto, tem seu lado positivo e negativo. Se bem que, ultimamente, o lado negativo é o que mais me pula na cara. Descobri, no texto de Dines, que a "nossa televisão apresenta 14 telenovelas por dia, mais de 10 horas, de segunda a sábado, nos melhores horários". Confesso que não tinha me dado conta destes números, até pela falta de tempo em ver o que os canais estão mostrando.
Fico me perguntando até que ponto tanta ficção (velada) pode trazer alguma coisa boa para a sociedade. Algumas novelas até separam um espacinho (mas, bem pequeno) para alguma causa social ou discussão sobre um assunto mais polêmico. Mas a maioria daquelas que eu tive a oportunidade de dar uma olhadinha só fazem é explorar e hipnotizar o telespectador. Lançam moda, ditam comportamentos, criam falsas expectativas e mostram valores invertidos: os vilões se dão bem, é possível subir na vida passando por cima de tudo e todos e onde a pessoa de bem, justa e honesta faz papel de idiota. Aliás, eu também não agüento mais ver o Rio de Janeiro nas novelas da 9! Acho que já conheço a cidade sem nunca ter ido lá... Parece que as coisas só acontecem nas cidades grandes, talvez por isso tenha tanta gente de todo lado do país arriscando a sorte nos grandes centros. E se dando mal, porque, junto com as oportunidades, estas pessoas também enfrentam todos os problemas da cidade grande. E quem não está preparado para isso sucumbe.
Esse é só um exemplo de tantos outros que influenciam o pensamento da sociedade, que já é carente em vários sentidos (educação, saúde, trabalho) e acaba acreditando nessa falsa realidade que a televisão faz questão de exaltar. Por que não aproveitar todo esse alcance da televisão e das novelas para oferecer o filé mignon ao público? Por que deixar que pessoas se contentem em roer um ossinho, se podem apreciar o cardápio completo?
Um comentário:
Rafa (cunhada).
Adorei o seu post. Mto boa reflexão e eu tenho uma única resposta para todas as suas perguntas do final do post:
PQ NÃO VENDE!!!
É a mesma linha de raciocínio q serve para explicar pq tem tanda desgraça nos jornais, pq tem tanto programa para "donas de casa", pq tem tanto produto q é muito caro se tem um similar ais barato, só que de marca desconhecida.
Programas educativos como os que passam na TV Cultura não tem espaço na mídia de massa simplesmente pq a massa da população gosta de coisas ordinárias (no sentido que está no dicionário msm).
Infelizmente é assim... e é disso que nós, publicitários, acabamos nos aproveitando em alguns casos pois a única forma de vender um sapato roxo horrível que o cliente quer lançar é colcar no pé da protagonista da novela das 8!
bj
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